O CAMI – Centro de Apoio e Pastoral do Migrante dará mais um passo em seu trabalho voltado ao empoderamento econômico de mulheres migrantes que se encontram em situação de vulnerabilidade social. Isso porque foi lançado em outubro o projeto “Costurando empoderamento com as mulheres imigrantes e refugiadas”, que disponibilizará equipamentos de costura e estoque de matéria prima para trabalhadoras de nacionalidades diversas, a fim de que elas vivam uma imersão no universo da costura e do empreendedorismo financeiro. O propósito é transformar vidas, através do desenvolvimento social, geração de renda e empoderamento de direitos.
Aproximadamente 100 mulheres farão parte das atividades. A iniciativa foi desenhada visando unir a prática de responsabilidade social à necessidade de mão de obra qualificada. Para isso, as mulheres serão divididas em diferentes grupos de trabalho, com a produção de roupas para pet, roupas de bebês, bolsas, carteiras, almofadas de viagem e outros produtos.
As máquinas e equipamentos de costura foram adquiridos por meio de um edital de projetos financiado pelo Magazine Luiza. Também será fornecido um estoque de matéria prima para início da produção, como tecidos, linha, zíper, agulha, botão, renda, embalagem, entre outros. O Instituto Cyrela (ICCP) também contribuiu para o começo das atividades com investimentos para as instalações elétricas necessárias para o funcionamento das máquinas.
A ideia, neste primeiro momento, é fomentar esta atividade econômica com recursos e conhecimentos para que as mulheres possam, então, focar no empreendedorismo do negócio e, a partir de suas primeiras vendas, reinvestir produzindo cada vez mais, o que irá lhes conferir maior empoderamento econômico em seus lares.
Haverá auxílio para transporte nos meses iniciais. As participantes serão mulheres imigrantes, residentes em bairros periféricos de São Paulo, confinadas em seus lares que geralmente são seus locais de produção laboral, com vulnerabilidade à violência doméstica, seja pelo isolamento social, precariedade financeira, presença de companheiros violentos, falta de acesso às políticas públicas, entre outros inúmeros outros fatores. A faixa etária é bastante ampla, variando entre 18 e 50 anos.
O projeto tem como objetivo abrir novos caminhos rumo à desejada autonomia financeira, algo que, hoje, é um dos principais fatores que aprisiona uma mulher em situação de violência doméstica. Além das habilidades técnicas, a iniciativa também oferece formação e orientação sobre direitos no Brasil, como a conscientização de direitos trabalhistas e o combate ao trabalho análogo à escravidão.
Rodas de conversa
Todas as participantes do projeto fazem parte, também, das rodas de conversa com mulheres migrantes realizadas pelo CAMI. São encontros que ocorrem em mais de 10 bairros da periferia de São Paulo. Neles, são abordadas questões como a violência contra a mulher, trabalho infantil, proteção para um trabalho digno e cursos de empreendedorismo para mulheres imigrantes. As Rodas de conversa também trazem informação e buscam combater casos de tráfico de pessoas, trabalho análogo ao de escravo, violência de gênero, combate ao machismo, entre outros.